Eficiência portuguesa: que delícia

Vamos lá ver se me consigo explicar.
Preciso do cartão de utente. Se não o tiver, a segurança social não paga ao laboratório as análises que fiz. Vou ao centro de saúde pedir o dito cartão.
Vejo 2 balcões. O balcão 1 diz "atendimento geral e marcação de consultas". Tem uma fila com 3 ou 4 pessoas.
O balcão 2 diz "atenção: cartão do utente". Não tem qualquer fila.Vejo uma daquelas máquinas com as senhas do número com a nossa vez. Tiro uma. Sou o número 26. Sento-me e aguardo a minha vez.
Vou observando o que se passa à minha volta. Começo a ver que em cada balcão há 2 computadores. 2x2=4 certo? bom, a verdade é que há 2 computadores em cada balcão (perfazendo, claro, 4 computadores) mas há apenas duas funcionárias que passam a manhã a pedir ao público "agora venha comigo aqui a este outro computador".
Muito suspeito. Levanto-me e pergunto à menina que está no balcão 2: "para fazer o cartão de utente, é aqui?" - "sim, é aqui".
Sento-me.
Espero.
Não estou satisfeita e volto a perguntar: "desculpe, mas como é que isto funciona? eu tirei uma senha mas ainda não ouvi ninguém chamar nenhum número..."
Responde-me a moçoila: "ah...agente não é costume usar as senhas...tem qu´ir pá fila".
"Mas eu perguntei-lhe agora mesmo se era aqui que fazia o cartão..."
" E eu respondi-lhe que sim!"
Pois realmente é aqui nesta sala.
Moral da história: as aparências iludem: embora aparentemente haja 2 balcões, há apenas 1, composto por 2 funcionários que saltitam entre os 4 computadores existentes. O aviso que diz "atenção, cartão do utente" significa, na verdade: "atenção, o cartão do utente deve ser feito naquele lado de lá". E aquela máquina de senhas "sua vez" é, na verdade, er...hum...talvez uma dessas peças de arte carríssimas que está ali em exposição e eu ainda vou com muita sorte se não receber em casa um intimação do tribunal a exigir que devolva o papelinho com o número 26.