Reclamações

Parece-me que o bom português é, em muitas coisas, treinador de bancada. As reclamações não me parecem excepção. Muitas vezes, em conversa, faço um pequeno exercício: quando alguém me explica o mau atendimento de que foi vítima em qualquer serviço, eu pergunto "ao menos tinham livro de reclamações?" - a resposta, 99% das vezes, é "não sei, não perguntei".
E reclamar, meus amigos, é que faz o país avançar.
Todo este preliminar serve para vos contar que esta manhã liguei para um número de telefone a perguntar "afinal? já ´tou há um mês à espera!!"
A senhora do telefone não ´tava nem aí. Ela sabe muito bem que a empresa está em falta perante o cliente e as desculpas que apresenta são esfarrapadas mas nunca ouvi um "pedimos desculpa" ou sequer um "desculpe lá". Nem sequer se dispunha a resolver a situação e ligar- -me quando estivesse tudo certo. Limitou-se a bocejar um "telefone amanhã e logo vemos".
Claro que me comecei a pôr em bicos de pés. Puxei do meu tom de voz arrogante e apontei todas as faltas cometidas pela empresa. Quando a senhora tentou - novamente - dar a mesma desculpa esfarrapada interrompi-a rudemente e disse: "os vossos problemas internos não me interessam, quero é que a partir de agora as coisas corram de outra maneira".
Fui absolutamente arrogante, irritante, antipática. Mas o meu problema foi resolvido de imediato.
"E não tem nada a pagar, minha senhora."