quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O parceiro ideal

Quando entrei no avião, escolhi uma cadeira ao pé da janela e agarrei-me ao meu livro.
Ao meu lado sentou-se um senhor que rosnou um "com licença" baixinho. Respondi-lhe um "faça favor" do mesmo modo.
A meio da viagem resolvi vestir o casaco. Sem querer, toquei no braço do meu companheiro de viagem - resmunguei-lhe um pedido de desculpas. Ele respondeu-me do mesmo modo.
Foram as únicas palavras que trocámos ao longo da viagem. Nada de conversa de circunstância - e nada de indelicadeza declarada.
Quando aterrámos, eu fiz o que sempre faço: deixo-me ficar sentada enquanto os restantes passageiros tiram os cintos, se levantam, agarram nas malas e aguardam o momento da saída (sempre, claro, de cabeça curvada, já que os compartimentos de bagagem são baixinhos).
O meu companheiro de viagem fez o mesmo. Deixou-se ficar sentado até ver o corredor vazio. Aí, levantou-se e, sem olhar para trás nem se despedir de mim, desapareceu.
Eu respondi-lhe do mesmo modo.

3 comentários:

Maria Brandão disse...

era feioso, aposto :)

Anônimo disse...

ou então não olhou bem para ti ;)

Cat

Poser´s Hunter disse...

Afinal não são só os Lisboetas, Eeheheheheh.

Beijinhos