Se há coisa que deixa uma mulher em conflito interior é fazer a depilação.
Para começar, há que obedecer às ordens dadas por outra mulher que, sem só nem piedade, vai ordenando...bom, vai explicando a posição seguinte.
E nós, peludas, obedecemos. Parece-me que há por aí muito marido desejoso de ter em casa uma mulher tão obediente como aquela criatura indefesa e meia despida em cima da marquesa.
O que nos move? A certeza de que, depois daquele puxão de cera que nos faz sofrer até aos pulmões, a dor, simplesmente, passa, e o único rasto daquele momento é uma pele lisa e aveludada.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Do amor e outros bloqueios mentais
Em O Museu da Inocência, Orhan Pamuk descreve um mundo que transforma os clássicos de Mary Shelley e Stephen King em historietas de meia-tigela - falando em termos do inverosímil.
Quando Kemal - homem de negócios turco vagamente ocidentalizado - percebe que fugir para a frente foi um erro, já é tarde. A mulher com quem viveu uma grande paixão e depois abandonou, Fusun, casou com um outro qualquer.
Corrigindo já o que acabei de dizer, acrescento: mais do que apaixonado, Kemal está obcecado. Aproveitando-se de um parentesco afastado, passa a frequentar a casa onde Fusun vive com os pais e o marido. Durante anos a fio, senta-se à mesa de jantar com a família, vê televisão, fala de banalidades, cria laços de negócio e sobrevive de lixo.
Lixo? Sim.
Kemal alimenta o hábito de levar consigo todos os objectos em que Fusun toca. E, quando digo "todos", é porque inclui beatas que, conforme o modo como foram apagadas, são um símbolo do estado de espírito da mulher no momento em que fumou aquele cigarro. Conforme Kemal escolhe interpretar, algumas são, por exemplo, a prova de que o amor que sente ainda é mútuo. Que o divórcio é, não apenas uma possibilidade, mas uma questão de tempo e que, depois disso, a felicidade estará ao seu alcance.
Ainda não li o fim da história, não sei se tamanha persistência será recompensada mas, a esta altura, estou absolutamente convencida de duas coisas:
- o Museu da Inocência, como espaço físico, é o lugar onde Kemal deposita e expõe todos os objectos surripiados: frascos de colónia vazios, cães de porcelana, utensílios de cozinha, baralhos de cartas rasgados.
- como lugar metafórico, é onde se perde o juízo, o loony bin dos apaixonados.
Quando Kemal - homem de negócios turco vagamente ocidentalizado - percebe que fugir para a frente foi um erro, já é tarde. A mulher com quem viveu uma grande paixão e depois abandonou, Fusun, casou com um outro qualquer.
Corrigindo já o que acabei de dizer, acrescento: mais do que apaixonado, Kemal está obcecado. Aproveitando-se de um parentesco afastado, passa a frequentar a casa onde Fusun vive com os pais e o marido. Durante anos a fio, senta-se à mesa de jantar com a família, vê televisão, fala de banalidades, cria laços de negócio e sobrevive de lixo.
Lixo? Sim.
Kemal alimenta o hábito de levar consigo todos os objectos em que Fusun toca. E, quando digo "todos", é porque inclui beatas que, conforme o modo como foram apagadas, são um símbolo do estado de espírito da mulher no momento em que fumou aquele cigarro. Conforme Kemal escolhe interpretar, algumas são, por exemplo, a prova de que o amor que sente ainda é mútuo. Que o divórcio é, não apenas uma possibilidade, mas uma questão de tempo e que, depois disso, a felicidade estará ao seu alcance.
Ainda não li o fim da história, não sei se tamanha persistência será recompensada mas, a esta altura, estou absolutamente convencida de duas coisas:
- o Museu da Inocência, como espaço físico, é o lugar onde Kemal deposita e expõe todos os objectos surripiados: frascos de colónia vazios, cães de porcelana, utensílios de cozinha, baralhos de cartas rasgados.
- como lugar metafórico, é onde se perde o juízo, o loony bin dos apaixonados.
Há dias assim
Meti-me no carro e fui até ali, onde não estava ninguém. Desliguei o telefone, olhei-me no espelho e disse:
- Minha querida, precisamos conversar.
- Minha querida, precisamos conversar.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Peço desculpa
Realmente há dias que não venho cá e isso é indecente.
Eu explico: tive 3 diazinhos de folga e andei muito ocupada.
No domingo, por exemplo, estive a tarde toda nas esplanadas da avenida marginal a tomar das pedras e a falar sobre o sentido da vida e outras futilidades. Depois aquilo fartou - e mudámos para cerveja, camarão e lapas.
Na segunda-feira fui dar um mergulhinho à Ribeira Quente - a tarde prometia até que cometi o gravíssimo erro de comer qualquer coisa suspeita que me deixou o sistema em stress.
Já ontem a coisa foi muito diferente. Para já, porque jantei num bar de praia. Além disso, não houve marisco, só cervejinha. E um passeio a pé com um amigo que já não via há taaanto tempo (e passeámos de braço dado, como fazem as pessoas sérias) e a conversa não foi sobre o sentido da vida mas sim sobre o sexo em geral e a ausência dele em particular.
Para o resto da semana, porém, a previsão é de trabalho, trabalho e mais trabalho em 3 horários diferentes. E tempo extra de ginásio para compensar as bejecas ao fim da tarde.
Eu explico: tive 3 diazinhos de folga e andei muito ocupada.
No domingo, por exemplo, estive a tarde toda nas esplanadas da avenida marginal a tomar das pedras e a falar sobre o sentido da vida e outras futilidades. Depois aquilo fartou - e mudámos para cerveja, camarão e lapas.
Na segunda-feira fui dar um mergulhinho à Ribeira Quente - a tarde prometia até que cometi o gravíssimo erro de comer qualquer coisa suspeita que me deixou o sistema em stress.
Já ontem a coisa foi muito diferente. Para já, porque jantei num bar de praia. Além disso, não houve marisco, só cervejinha. E um passeio a pé com um amigo que já não via há taaanto tempo (e passeámos de braço dado, como fazem as pessoas sérias) e a conversa não foi sobre o sentido da vida mas sim sobre o sexo em geral e a ausência dele em particular.
Para o resto da semana, porém, a previsão é de trabalho, trabalho e mais trabalho em 3 horários diferentes. E tempo extra de ginásio para compensar as bejecas ao fim da tarde.
sábado, 24 de julho de 2010
WTF?
Já me aconteceu muitas vezes não saber o que pensar, que raciocínio fazer, que conclusões tirar. Mas esta de não saber o que sentir...esta é nova.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
A Menina e a Rádio
Os "filósofos da rádio" dizem que a pior praga de um locutor é pôr uma música - qualquer música - porque é sempre a preferida de alguém. E qualquer coisa que venha a seguir à preferida está condenada a desagradar.
Penso nisso muitas vezes. E, quanto mais contacto com as pessoas que me ouvem, mais a questão me preocupa. Hoje pus Gansta´s Paradise e tremi: o Xico gosta tanto desta. Pus Pictures of You e ia entrando em pânico: a Carla até se passa quando ouve isto.
Fazer rádio, portanto - ou melhor, ouvir rádio - é uma espécie de mundo bipolar em que os ouvintes se dividem entre aquela alegriazinha que os obriga a pôr o volume mais alto...e a profunda desilusão de o baixar.
Penso nisso muitas vezes. E, quanto mais contacto com as pessoas que me ouvem, mais a questão me preocupa. Hoje pus Gansta´s Paradise e tremi: o Xico gosta tanto desta. Pus Pictures of You e ia entrando em pânico: a Carla até se passa quando ouve isto.
Fazer rádio, portanto - ou melhor, ouvir rádio - é uma espécie de mundo bipolar em que os ouvintes se dividem entre aquela alegriazinha que os obriga a pôr o volume mais alto...e a profunda desilusão de o baixar.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
A Menina da Rádio
Fazer rádio tem muitas coisas bonitas. Uma delas, confesso, é não ter de me colocar, todos os dias, a terrível questão: o que é que eu vou vestir hoje?
terça-feira, 20 de julho de 2010
Seria de esperar...
...que ao fim de quase 9 anos de trabalho eu me lembrasse: pôr os auscultadores sem tirar primeiro os brincos dói com´ó caraças.
Mas não.
Mas não.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Uma perguntinha...
Se te dás ao trabalho de pedir a minha opinião, não faria sentido dares- -te ao trabalho de a ouvir?
terça-feira, 13 de julho de 2010
Afinal...
...não saí da consulta com vontade de me atirar debaixo do comboio. Ao que parece, baixei o peso e a massa gorda e todas as coisas que era suposto baixar. E subiu o que era suposto subir: o músculo...e o ego.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
O sr. nutricionista
Depois de 7 dias de folga com passeatas que incluíram jantaradas com sobremesa tenho, amanhã, nova consulta com o sr.nutricionista.
Vou ser pesada, medida e escrutinada ao pormenor. Veremos se, à saída, corto os pulsos ou nem por isso.
Vou ser pesada, medida e escrutinada ao pormenor. Veremos se, à saída, corto os pulsos ou nem por isso.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
O tal erro
Foi cometido porque tinha de ser. Não se perde tanto como se ganha: a capacidade de seguir em frente com a consciência tranquila. Fiz o que pude.
domingo, 4 de julho de 2010
sexta-feira, 2 de julho de 2010
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Apologia do anónimo
Cheguei agora de um blogue que tem um anónimo a sério. Ou seja, alguém que se dá ao trabalho de tirar boa parte do dia a ler os posts, pensar num insulto adequado e, claro, escrevê-lo.
A verdade é que esse não é o único blogue onde isso acontece. É comum em vários. Eu, pessoalmente, não consigo perceber a lógica da coisa - se vou a um sítio de que não gosto, não volto.
Será por isso - por não compreender - que eu não tenho um anónimo a sério? (é verdade que tenho um outro mais chatinho, mas nada verdadeiramente desagradável, enfim, nada que se apresente)
Se cada um tem os anónimos que merece, começo a duvidar das minhas capacidades - afinal, ao que parece, não consigo desenvolver nem um ódiozinho de estimação.
E isso deixa-me muito, muito triste.
A verdade é que esse não é o único blogue onde isso acontece. É comum em vários. Eu, pessoalmente, não consigo perceber a lógica da coisa - se vou a um sítio de que não gosto, não volto.
Será por isso - por não compreender - que eu não tenho um anónimo a sério? (é verdade que tenho um outro mais chatinho, mas nada verdadeiramente desagradável, enfim, nada que se apresente)
Se cada um tem os anónimos que merece, começo a duvidar das minhas capacidades - afinal, ao que parece, não consigo desenvolver nem um ódiozinho de estimação.
E isso deixa-me muito, muito triste.
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